Gentxe amada, hoje tem participação no Blog que eu tanto queria....
O tema é o AUTISMO (me interesso desde sempre por este tema), e foi escrito pela amada Mari Lira que sempre prestigia o Blog e é profissional de Psicologia. Desde já agradeço a linda colaboração.
Mais deixemos de lero lero, vamos nos informar???
A novela Amor à Vida, da
Rede Globo entre tantas estórias marcantes, traz uma em especial que me chama
muitooo à atenção por fazer parte do meu cotidiano de trabalho. A personagem da bela atriz Bruna Linzmeyer, Linda, é autista e a
novela acerta em cheio (pelo menos no meu coração) ao abordar esse tema. Vamos
conhecer um pouco.
Segundo o artigo “Autismo e doenças invasivas de desenvolvimento” de
Carlos A. Gadia (2004) o autismo não é uma doença única, mas sim um distúrbio de
desenvolvimento complexo, definido de um ponto de vista comportamental, com causas
múltiplas e graus variados de severidade. Pode ser influenciada por fatores
associados que não necessariamente sejam parte das características principais
que definem esse distúrbio.
Um fator muito importante que podemos identificar são interferências na
habilidade cognitiva. As manifestações comportamentais que definem o autismo
incluem déficits qualitativos na interação social e na comunicação, padrões de
comportamento repetitivos e estereotipados e um repertório restrito de
interesses e atividades.
O que isso tudo quer dizer? A pessoa portadora desta síndrome tem grande
dificuldade de interação e comunicação voluntária e em função disso, todas as
suas outras habilidades esperadas pelo meio social ficam comprometidas.
Normalmente é uma síndrome identificada na infância, pois algumas crianças tem
dificuldade em se comunicar através da fala, talvez seja esse o primeiro
sintoma que chama atenção da família.
Em alguns casos são crianças que chegam ao serviço de saúde ainda sem
diagnóstico definido, pois como em alguns casos o que mais incomoda é a
ausência de fala, a família procura por achar que a criança pode ser surda (na
linguagem comum surdo-muda, termo errado). Outros sintomas podem chamar atenção
como choro constante, gritos descabidos, comportamentos repetidos, dificuldade
em se separar de objetos, dificuldade ou impossibilidade de tocar e ser tocada
ou até mesmo olhar nos olhos. Muitas vezes a criança pode chegar ao serviço de
saúde, com diagnósticos equivocados como Síndrome de Down, Deficiência Mental,
entre outras. Isso tudo pode ocorrer por
volta dos 2 anos de idade.
A família é o ponto chave do trabalho com pessoas portadoras da síndrome
e é aí que a novela está ganhando meu carinho, ao mostrar a dificuldade que a
mãe de uma criança/jovem especial tem em deixar a filha se desenvolver, pois
falei até o momento em várias dificuldade vivenciadas pelo autista, porém com
acompanhamento adequado ele pode e deve se desenvolver.
Como no conceito, descrito acima, a severidade de cada caso dirá do tipo
de desenvolvimento e como o tratamento poderá ser desenrolado. Existem casos em
que a criança evolui mais rápido, assim como existem outros em que esse
desenvolvimento será bem lento. O que importa mesmo é que a criança seja
estimulada para que consiga romper com suas dificuldades de interação e passa
assim a se aproximar o meio social. Esse trabalho de preferência deve ser
multidisciplinar, com psicólogos, fonoaudiólogos, pedagogos...
É exatamente nesse ponto que entra a família. Como está sendo
demonstrado na novela, a mãe da Linda boicota várias vezes as sugestões do
profissional, toma a frente nas atividades e limita a capacidade de respostas
da moça. Na verdade a novela tem uma grande interrogação pra mim, pois como o
irmão da moça é da área de saúde e ela nunca havia sido acompanhada, ah, deixa
pra lá...
Contudo isso não é impossível fora da novela, pois muitas pessoas com
esta síndrome foram escondidas durante anos, sendo taxadas de loucas ou
deficientes, e a família não achava que poderia investir e ajudar. Talvez seja
esse o ponto que vá conseguir alcançar mais gente, fazendo com que eles se
identifiquem e procurem ajuda.
Na minha vida profissional me deparo e muito com casos semelhantes.
Famílias que por medo se negam a acreditar no diagnóstico, não colaboram no
tratamento, mas também me deparo com outras que ajudam muito e temos resultados
incríveis. E como estou no serviço público de saúde, com todas as dificuldades
que vocês possam imaginar, os pequenos ganhos dos meus meninos e meninas é uma
vitória pessoal minha e da equipe que faço parte.

Pra fechar, queria contar a história de uma criança que atendi. Chegou
com 4 anos ao serviço, filho de uma família do interior do interior da cidade
onde trabalho. A mãe na época chegou muito assustada com o diagnóstico dado por
um pediatra e se negava a aceitar que era isso que seu filho tinha e tentou por
meses que a equipe dissesse que seu filho era surdo, por isso não interagia e
não falava.
O trabalho foi realizado com eles, pois a família fazia exatamente TUDO
que a criança queria para não “perturba-lo” e nos princípio os atendimentos eram
difíceis, pois todo brinquedo que ele usava nas sessões ele queria levar pra
casa e a mãe não entendia que as negativas faziam parte do acompanhamento.
Com o tempo ele entendeu que o brinquedo estaria lá quando ele voltasse (dificuldade
em entender isso é um dos grandes sintomas, a criança acha que o brinquedo vai
desaparecer) e passou a não chorar tanto. Passou a nos reconhecer e sorrir ao
nos encontrar e hoje ele depois de quase 3 anos de acompanhamento já responde
perguntas simples como Oi tudo bem? e
conta histórias como por exemplo quando chega com um brinquedo novo após o seu
aniversário, sabe contar de quem foi que ele ganhou.
É um trabalho lento e difícil, principalmente pela falta de estrutura
mais extremamente gratificante. Que a novela, lá no final, seja agente de
transformação na vida de muitas pessoas, tanto os portadores da síndrome como
de seus familiares e amigos!
Mariana Lira, Psicóloga clínica, professora do Centro Universitário Mauricio de Nassau. Fones: 9933-6171/ 8834-6934
Muito bom o texto... orgulhoso de ler a respeito do tema e escrito por minha irmã, que é uma pessoa que ama sua profissão. Tive oportunidade conviver um fds com uma familia que tinham um filho autista e era bem no aniversario dele é impresionante como era lindo a atençao deles com o filho, incluindo palestras e acompanhamento para viver e dar melhores condiçoes ao filho.
ResponderExcluirGostei!! :)
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